Mesmo andando de mãos dadas com a alegria quase que diariamente, às vezes a tristeza e a melancolia fazem uma visitinha, ainda que seja “de médico”. Não sou afeita a ficar macambúzia, ao contrário, tento olhar o lado positivo de tudo o que nos acontece.
Mas há fatos que inevitavelmente mexem com o emocional, principalmente quando versam sobre questões de relacionamentos entre humanos. Falo não apenas dos que unem ou separam homens e mulheres apaixonados, mas também das relações entre pais e filhos, amigos, irmãos. Enfim, todas as interseções e combinações possíveis.
Noto, quando são precários os laços, que faltam alguns ingredientes e nem sempre é o amor. Pode ser que este até sobre. Aponto, sim, a ausência de comunicação, de diálogo, de olho no olho como um dos itens mais responsáveis pelo desgaste de qualquer relação, até mesmo no trabalho.
Sou muito tudo. Menos só no tamanho, para quem me conhece. Mas costumo ser muito amiga, muito solícita, muito carinhosa, muito falante, muito inconveniente, muito agitada, muito dorminhoca e muito feliz.
Por isso mesmo me pego surpresa, quando percebo frieza, distância, como resposta à saudade, ao carinho, ao amor dispensado por toda uma vida em comum... sinceramente, gostaria muito de entender quando pessoas do teu próprio sangue se afastam sem te explicar o motivo. Por quê???
Odeio mentiras, saídas tangentes afora... a pior coisa é sentir-se só dentro do próprio nicho familiar. Entender que você ama imensamente sozinho, que deseja abraçar e rever alguém do fundo do coração, mas a vontade não é recíproca... ou seja, os laços estão enfraquecidos sabe-se lá porquê...
Quando há uma discussão, uma briga, você sabe a razão, mesmo que esteja com a verdade, houve um ponto de tensão. No entanto, nada tendo ocorrido, pelo menos conscientemente, é difícil entender sem ouvir, sem a verdade ser detalhadamente confrontada com os envolvidos no imbróglio. Mas quando tem a absoluta certeza de que nada fez para contribuir com essa situação, a angústia de não obter respostas é maior, muito maior.
Acho que é por isso que existe a máxima comum de que amigos verdadeiros são os irmãos que podemos escolher, pois os outros vêm a nossa revelia. Família é coisa gostosa, mas complicada. Qualquer uma pode se tornar seu porto seguro ou o seu barco furado.
Ando chegando à conclusão de que sempre tapei o sol com a peneira, disfarçando para mim mesma constrangimentos acontecidos nas minhas fuças viver afora.
Hoje tenho muita dor no peito, mas tomei a decisão de gostar e tratar bem quem gosta de mim e de alguma forma consegue mostrar isso, com um abraço, um telefonema, um scrap, um aceno, um sorriso e até com lágrimas. Mesmo que sejam manifestações esporádicas. Não importa o tempo, nem a distância, mas a intensidade e a qualidade do sentimento.
Valorizar quem me quer bem é o melhor presente, o melhor caminho. Não adianta forçar a barra para ser aceita por alguns parentes. O amor gratuito que sentirá por eles vai estar ali, aceso embaixo dos escombros que deixaram em teu coração. A porta de um amigo sempre vai abrir quando você bater e precisar contar sobre sua felicidade ou fraquezas.
Superar essas dores será o principal desafio de 2010, pois o resto já tenho: meu amor, minha mãe, meus amigos, meu cachorro e poucos familiares que conseguiram ultrapassar o limite do sangue e se tornaram mais amigos que parentes. Que realmente se preocupam e torcem por você. Talvez esse seja o caminho certo. Ou não. Tenho 11 meses para descobrir, só sei que calada, engolindo aflições, não fico mais. Deixo, esse ano, de ser "Polyanna"! Pelo menos, um pouco!
Laços fortes e eternos...