quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Frágeis laços...



Mesmo andando de mãos dadas com a alegria quase que diariamente, às vezes a tristeza e a melancolia fazem uma visitinha, ainda que seja “de médico”. Não sou afeita a ficar macambúzia, ao contrário, tento olhar o lado positivo de tudo o que nos acontece.

Mas há fatos que inevitavelmente mexem com o emocional, principalmente quando versam sobre questões de relacionamentos entre humanos. Falo não apenas dos que unem ou separam homens e mulheres apaixonados, mas também das relações entre pais e filhos, amigos, irmãos. Enfim, todas as interseções e combinações possíveis.

Noto, quando são precários os laços, que faltam alguns ingredientes e nem sempre é o amor. Pode ser que este até sobre. Aponto, sim, a ausência de comunicação, de diálogo, de olho no olho como um dos itens mais responsáveis pelo desgaste de qualquer relação, até mesmo no trabalho.

Sou muito tudo. Menos só no tamanho, para quem me conhece. Mas costumo ser muito amiga, muito solícita, muito carinhosa, muito falante, muito inconveniente, muito agitada, muito dorminhoca e muito feliz.

Por isso mesmo me pego surpresa, quando percebo frieza, distância, como resposta à saudade, ao carinho, ao amor dispensado por toda uma vida em comum... sinceramente, gostaria muito de entender quando pessoas do teu próprio sangue se afastam sem te explicar o motivo. Por quê???

Odeio mentiras, saídas tangentes afora... a pior coisa é sentir-se só dentro do próprio nicho familiar. Entender que você ama imensamente sozinho, que deseja abraçar e rever alguém do fundo do coração, mas a vontade não é recíproca... ou seja, os laços estão enfraquecidos sabe-se lá porquê...
Quando há uma discussão, uma briga, você sabe a razão, mesmo que esteja com a verdade, houve um ponto de tensão. No entanto, nada tendo ocorrido, pelo menos conscientemente, é difícil entender sem ouvir, sem a verdade ser detalhadamente confrontada com os envolvidos no imbróglio. Mas quando tem a absoluta certeza de que nada fez para contribuir com essa situação, a angústia de não obter respostas é maior, muito maior.

Acho que é por isso que existe a máxima comum de que amigos verdadeiros são os irmãos que podemos escolher, pois os outros vêm a nossa revelia. Família é coisa gostosa, mas complicada. Qualquer uma pode se tornar seu porto seguro ou o seu barco furado.

Ando chegando à conclusão de que sempre tapei o sol com a peneira, disfarçando para mim mesma constrangimentos acontecidos nas minhas fuças viver afora.

Hoje tenho muita dor no peito, mas tomei a decisão de gostar e tratar bem quem gosta de mim e de alguma forma consegue mostrar isso, com um abraço, um telefonema, um scrap, um aceno, um sorriso e até com lágrimas. Mesmo que sejam manifestações esporádicas. Não importa o tempo, nem a distância, mas a intensidade e a qualidade do sentimento.

Valorizar quem me quer bem é o melhor presente, o melhor caminho. Não adianta forçar a barra para ser aceita por alguns parentes. O amor gratuito que sentirá por eles vai estar ali, aceso embaixo dos escombros que deixaram em teu coração. A porta de um amigo sempre vai abrir quando você bater e precisar contar sobre sua felicidade ou fraquezas.

Superar essas dores será o principal desafio de 2010, pois o resto já tenho: meu amor, minha mãe, meus amigos, meu cachorro e poucos familiares que conseguiram ultrapassar o limite do sangue e se tornaram mais amigos que parentes. Que realmente se preocupam e torcem por você. Talvez esse seja o caminho certo. Ou não. Tenho 11 meses para descobrir, só sei que calada, engolindo aflições, não fico mais. Deixo, esse ano, de ser "Polyanna"! Pelo menos, um pouco!


Laços fortes e eternos...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Buzina, pra quê?




Como já mencionei em outro post, dirijo há 10 anos e frequento Gravataí desde 2006. Agora ainda mais, pois moro nessa cidade, onde também trabalho. Portanto, circulo muito de carro ruas esburacadas afora. E põe buracos nisso, meu Deus! De todos os tipos e tamanhos. Pois foi só aqui, depois que comecei a perpassar diariamente esse mar de crateras urbanas, que percebi algo, no mínimo, inusitado. Buzinar, pelo menos na Aldeia dos Anjos, ofende. E muito! Não importa a intenção nem tampouco a intensidade. Mesmo uma sutil e curta cutucada na buzina, acarreta uma reação que pode acabar até em tragédia. É sério!

Bom, não melhor do que ninguém, sei que a cidade é negativamente famosa por não ter muitas calçadas à disposição dos transeuntes e, por isso, criou-se uma arraigada cultura em que as pessoas andam, não no canto dos meios-fios, mas no meio da rua mesmo, ocupando o lugar dos carros. Sei que o problema de não haver calçadas adequadas existe, é real, como ilustra a foto acima. Mas deveria haver o bom senso da segurança.

Fui escoteira (sou escoteira, pois segundo o lema, uma vez escoteira, sempre escoteira!) e aprendi que quando se faz uma caminhada em ruas ou avenidas em que não existem passarelas ou passeios públicos, o indicado é fazer como ensinam também no maternal, na hora de encontrar o recreio: andar em fila indiana, ou seja, como caminham os índios nas estreitas trilhas no meio da mata, um atrás do outro. E nunca, nunca, um ao LADO do outro!!!

Ao me deparar com cinco pessoas ladeadas em uma rua que acabara de adentrar, me dei o direito de tocar, como já disse, sutilmente, de leve, na buzina, produzindo um silvo curto, servindo apenas de alerta. É como se quisesse dizer-lhes: “Olá, estou em um carro e estou passando, cuidado, já que vocês não possuem retrovisores, nem mesmo o pisca. Não façam movimentos bruscos, prestem atenção, pois algo que pode matar está perto de vocês” – afinal, “o carro é uma arma”, como costuma assegurar meu namorado.

Mas, irremediavelmente, ao ouvir o som, essas pessoas têm o ímpeto de me atacar, de me xingar. Juro que não entendo o motivo de tão forte ofensa e pessoal! Certo dia, não faz muito, um homem que ocupava toda a rua com sua parceira e mais três crianças, quis acertar meu pobre carro com um guarda-chuva. Aí eu me pergunto o tempo todo: para quê diabos foi fabricada a buzina então? Para qual finalidade ela existe? Será que é só para atazanar a vida das pessoas em um congestionamento, justo quando nada podemos fazer, a não ser soltar a máxima: “passa por cima!”

Ou quem sabe, buzinar para mulheres na rua, ou, ainda, na frente de hospitais. Para avisar sobre um iminente perigo, aí não pode e vira ofensa? Sei que há quem use a peça sonora para agredir outros motoristas, claro que há, mas não é a essa situação que me refiro e sim, especificamente sobre a relação de transeuntes inconsequentes e buzinas cautelosas. Realmente não entendo. Alguém mais entendido que eu poderia me esclarecer essa estranha reação humana? Façam o teste e me digam se não foram quase apedrejados. Enquanto isso, bom, sigo buzinando. Sutilmente.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Bem-vinda, rotina!


As férias se despedem...


Mesmo que pequenas, as férias servem para que o cérebro arranje folga dos afazeres mecânicos a que está acostumado. Estive por 10 dias longe do trabalho, mas o mundo está tão acelerado que não senti repousar em mim, o real descanso, aquele que nutre o organismo e limpa o HD da memória cotidiana. Em contrapartida, pude estar pertinho dos que mais amo por um tempo maior, ainda que não tenha sido o suficiente. Tudo esteve a contento, a não ser pelo transtorno de passar quatro horas dentro do carro, em um congestionamento causado simplesmente pelo acúmulo de pessoas dentro de automóveis transitando no mesmo local. Ainda bem que meu amor, que me acompanhava, sabia, como ninguém, alternar o silêncio com as palavras e as músicas certas para apaziguar o clima. Sorte que nutrimos uma boa relação, caso contrário, seria um ótimo momento para que brigas se estendessem, já que tempo não faltou!


Parece que a população inteira de Tramandaí decidiu, naquele dia, pegar o mesmo caminho que nós e quase nada amainava a sensação de desespero, de impotência em andar um metro a cada 10 ou 15 minutos. Conto aqui essa exeperiência que muitos como eu tiveram, pois fiquei impressionada, uma vez que dirijo há 10 anos e nunca havia passado por algo parecido. Sei que estamos sujeitos a filas para tudo sempre, mas até para ir à padaria, naquela praia, havia o perigo de só conseguir regressar ao lar após duas horas! Era angustiante ver ambulâncias tentando abrir passagem com suas berrantes sirenes, em vão. Pensava: "meu Deus, quem será que vai ali? Será grave e consegue aguentar?" Sem falar que quando conseguimos sair daquela loucura e pensamos em comprar algo para comer, eram mais horas intermináveis em uma fila igualmente eterna e quase imóvel.


Praia pequena, cujos comerciantes não imaginavam receber tamanho volume de pessoas ávidas por consumir pastéis, sorvetes, xis, entre tantos outros produtos. Não se prepararam com funcionários extras, com mais ventiladores, com máquinas de cartões e, principalmente, com sorrisos para bem atender, item fundamental, ao meu ver. Todos se acotovelavam, limpavam o suor, bufavam, perguntavam e não obtinham respostas. Isso tudo ocorrendo em meu penúltimo dia de férias... cheguei em casa só às 23h, extremamente exausta! No dia seguinte, precavida, rumei para Gravataí com a família ao serem anunciados os primeiros raios de sol e acertei! Nada de congestionamento.


No entanto, o último dia do pseudo descanso, foi de pura tentativa em recuperar as forças esvaídas um dia antes. Afinal, o sol se pôs na praia e lá ficou. Acordei hoje, segunda-feira, com a rotina batendo na porta do quarto, avisando-me que o trabalho me aguardava e com uma fina chuva que amainou o calor e varreu a poeira do desânimo, levando-o para bem longe, afinal, 2010 está a pleno e não espera a ficha cair. Essa é a graça da vida, começar tudo de novo, sempre! Vamos lá, quem me acompanha?