sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Buzina, pra quê?




Como já mencionei em outro post, dirijo há 10 anos e frequento Gravataí desde 2006. Agora ainda mais, pois moro nessa cidade, onde também trabalho. Portanto, circulo muito de carro ruas esburacadas afora. E põe buracos nisso, meu Deus! De todos os tipos e tamanhos. Pois foi só aqui, depois que comecei a perpassar diariamente esse mar de crateras urbanas, que percebi algo, no mínimo, inusitado. Buzinar, pelo menos na Aldeia dos Anjos, ofende. E muito! Não importa a intenção nem tampouco a intensidade. Mesmo uma sutil e curta cutucada na buzina, acarreta uma reação que pode acabar até em tragédia. É sério!

Bom, não melhor do que ninguém, sei que a cidade é negativamente famosa por não ter muitas calçadas à disposição dos transeuntes e, por isso, criou-se uma arraigada cultura em que as pessoas andam, não no canto dos meios-fios, mas no meio da rua mesmo, ocupando o lugar dos carros. Sei que o problema de não haver calçadas adequadas existe, é real, como ilustra a foto acima. Mas deveria haver o bom senso da segurança.

Fui escoteira (sou escoteira, pois segundo o lema, uma vez escoteira, sempre escoteira!) e aprendi que quando se faz uma caminhada em ruas ou avenidas em que não existem passarelas ou passeios públicos, o indicado é fazer como ensinam também no maternal, na hora de encontrar o recreio: andar em fila indiana, ou seja, como caminham os índios nas estreitas trilhas no meio da mata, um atrás do outro. E nunca, nunca, um ao LADO do outro!!!

Ao me deparar com cinco pessoas ladeadas em uma rua que acabara de adentrar, me dei o direito de tocar, como já disse, sutilmente, de leve, na buzina, produzindo um silvo curto, servindo apenas de alerta. É como se quisesse dizer-lhes: “Olá, estou em um carro e estou passando, cuidado, já que vocês não possuem retrovisores, nem mesmo o pisca. Não façam movimentos bruscos, prestem atenção, pois algo que pode matar está perto de vocês” – afinal, “o carro é uma arma”, como costuma assegurar meu namorado.

Mas, irremediavelmente, ao ouvir o som, essas pessoas têm o ímpeto de me atacar, de me xingar. Juro que não entendo o motivo de tão forte ofensa e pessoal! Certo dia, não faz muito, um homem que ocupava toda a rua com sua parceira e mais três crianças, quis acertar meu pobre carro com um guarda-chuva. Aí eu me pergunto o tempo todo: para quê diabos foi fabricada a buzina então? Para qual finalidade ela existe? Será que é só para atazanar a vida das pessoas em um congestionamento, justo quando nada podemos fazer, a não ser soltar a máxima: “passa por cima!”

Ou quem sabe, buzinar para mulheres na rua, ou, ainda, na frente de hospitais. Para avisar sobre um iminente perigo, aí não pode e vira ofensa? Sei que há quem use a peça sonora para agredir outros motoristas, claro que há, mas não é a essa situação que me refiro e sim, especificamente sobre a relação de transeuntes inconsequentes e buzinas cautelosas. Realmente não entendo. Alguém mais entendido que eu poderia me esclarecer essa estranha reação humana? Façam o teste e me digam se não foram quase apedrejados. Enquanto isso, bom, sigo buzinando. Sutilmente.

3 comentários:

  1. Tinha, ontem contei para o Gru que você agora tem um blog e comentei o quanto gostei dos textos e da maneira de escrever, lendo a postagem acima vi que não menti, concordo plenamente com você, a falta de calçadas adequadas realmente existe, na minha rua mesmo não temos, mas nem por isso os transeuntes podem se arriscar assim e você sabe que se atropelar alguém mesmo estando certa ainda pode ser linchada, mais uma coisa para nos preocuparmos diarimante nesse nosso mundão...

    Em relação ao comentário que deixou no meu blog eu adorei, eu sei o motivo ou os motivos pelos quais estou angustiada, mas mesmo assim não consigo mudar o foco.

    Bjokas e também peço que nunca deixe de aparecer, beijo em você e no Xistian que eu adoro!

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  2. Aqui posto o comentário do Eduardo, que, blogueira de primeira viagem que sou, apaguei sem querer... aí vai:

    "Muito bem: Cá estou, em vosso Diário de Bordo,
    para acompanhá-los (tu e o sempre musical co-piloto) nesta nova jornada eletrônica.
    Parabéns!!"

    Eduardo

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  3. allooooouuuuu cadê as postagens, preciso ler algo!

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