sábado, 23 de agosto de 2014

Desfazer a mala é se desfazer por dentro...

Demorei quase nada para planejar a viagem que faria sozinha e, com certa antecedência, escolhi as roupas para o calor do mar do Caribe e que usaria em cada ocasião que pudesse acontecer. Duas maletas pequenas era tudo do que precisava. Não sou dona de vaidades, portanto, um batom me basta, assim como um rímel, dois aneis e alguns brincos para trocar, caso precisasse. Chinelos e dois sapatos, vestidos e biquini. Pouca coisa carrega-se para o Caribe. A ansiedade pelo simples acontecer, fez com que deixasse as bagagens prontas, reservando para a véspera do embarque, os últimos utensílios e detalhes, aqueles de higiene... é incrível a rapidez com que se planeja o futuro quando o assunto é prazer. Idealizava lugares, esperava por aventuras solitárias que costumam se apresentar para mim quando menos imagino. E elas aconteceram esmiuçadamente, sem roteiro e com intensidade. No entanto, o voltar te traz de volta do futuro para o presente em um pulo. E isso significa muito. Viajar é se afastar de tudo, procurar o que você não conhece, perder as referências. Mergulhada nesse "futuro", você encara seu passado e se distancia dos erros, dos acertos. Procura soluções frias, concretas, palpáveis, compreensíveis. A contemplação ajuda no processo. O vento forte que sopra na proa do navio e lambe seus cabelos, deixando-os desalinhados, também age como bálsamo na alma. Lava e leva tudo, renova, limpa, purifica. A ventania faz bem e pude perceber que estava com saudade dela. Além do seu barulho - barulho que o vento tem -, nada mais soa no convés. É você, o mar, o céu e o sol de mãos dadas. Nesse momento, não está mais sozinha, apesar de não haver ninguém ali, só você com você. Sotaques, idiomas do mundo inteiro, comidas com nomes estranhos e gostos nunca antes provados aguçam todos os seus sentidos. Fica-se mais alerta, mais desperto, mais inteiro. Sozinha, precisa cuidar de si e do entorno, com maior atenção. Viajar te ensina a ser, a renascer. Conhecer pessoas interessantes que poderiam, tranquilamente, terem sido amigos de uma vida inteira, outras de trabalho. Gente que te toca na emoção. Por que longe, tudo é emoção. Em uma viagem fica-se feliz em notar-se poliglota na linguagem universal que é a gentileza, o sorriso, a alegria. Talvez, por isso, seja tão difícil desfazer as malas, no retorno. Intactas, elas estão ainda no mesmo canto no qual as deixei quando entrei em casa, cheia de saudade. Há algo de triste em tirar tudo dali e devolver ao guarda-roupa, à sapateira, ao armário do banheiro. Significa que você regressou, na verdade, ao mesmo motivo que te levou embora, há alguns dias, seja ele bom ou não. Quer dizer que você terá que se reorganizar, colocar o que aprendeu em prática, pôr tudo em seu devido espaço, inclusive o que já fazia parte da sua vida. Te obriga a rever o lugar das coisas que levou. Elas ainda cabem nas mesmas prateleiras? Estão sujas e têm que ir para a lavanderia? Outras podem subir para junto das roupas de verão? Decisões. Nem sempre queremos tomar. Deixar para depois é mais fácil. Afinal, as malas estão ali, no canto... esperam. Tudo o que seus olhos viram, suas mãos tocaram e seu coração sentiu voltam na mesma bagagem, disputando cantos com seus objetos pessoais. As reflexões, indagações e conclusões que os cenários te proporcionaram vêm junto, estão ali, entre o vestido e a sandália. Tudo o que levou se acumula, ao voltar, com aquilo que aprendeu e sentiu por lá e, consequentemente, chegando em casa, tem que saber o que fazer com cada item, com cada sentimento novo ou antigo. Desfazer as malas...é o mesmo que se desfazer por dentro...

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Uma chave em mim...

Tem uma chave quase virando em mim... está lá dentro, pronta pra girar no sentido que a vida mandar. Me dei conta de que não posso esperar meus cabelos embranquecerem de todo e afinarem, minha pele enrugar em todos os cantos, meus olhos, nariz e boca caírem para perceber que a vida passou e nada de melhor fiz com ela. É agora que posso mudar, transgredir, me movimentar. É nesse meu presente que grita, onde posso transformar, perceber e construir novas realidades. O mundo quer me receber e estou indo ao seu encontro. Aos poucos, sinto outros cheiros, outros olhos, outros gestos, outras risadas. Ah, como necessito de risadas. Estremeço se dizem bem, sim, mas... também estremeço se me fazem rir... obrigada pelo som das novas gargalhadas... Nada é fácil, tudo é construção. Mas tudo flui se assim a gente deixa. Toda vez em que abro meus olhos pela manhã, sinto que um dia a mais ficou para trás. Por isso, tenho que fazer o meu hoje ficar melhor, pra não deixar que passe a vida toda arrependida, vazia, com medos. Olhando para trás e imaginando... não quero imaginar... quero fazer, concretizar. Viver, experimentar. Correr, sentir, ter prazer, viajar, acompanhar. Quero sentir o vento, ser livre pra escolher. Tenho certeza de que estou no caminho... no caminho do meio, mas no caminho...

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Nova Era....

Era.... Não é mais... nada está no mesmo lugar... tudo se modificou, dentro e fora... tudo está do avesso... agora a confusão é toda minha... ela me abraça, me faz amor e não me beija na boca... ainda... Era.... Era uma vez, era... O que era bom se acabou? Acho que não... Foram muitas vezes..... por muitos e muitos anos.... E, olha aí, outra vez.... você, no caminho!!! Às vezes, basta um gesto para que a boa sensação nos invada, outra vez... Do avesso! Acho que estou do avesso do avesso!! Será que esse é o lado certo? Me empurraram em um precipício no qual eu não queria estar.... Agora a porta está mais estreita... o vento sopra e quer fechar.... tudo se movimenta de novo... Era uma vez, um amor...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

De repente, Paulo Sant’Ana!



Estou à beira de meus 40 anos os quais me esperam, ansiosos. Talvez, por isso, ando mais sensível e com uma compreensão maior das atitudes humanas ou, pelo menos, sem a ânsia de julgá-las. Quando vim morar no RS, nos meus jovens 16 anos, passei a conhecer um personagem polêmico e famoso da imprensa gaúcha. Uma sumidade na profissão, reverenciado por quase todos. Trata-se de Paulo Sant’Ana. Dono de um texto brilhante, com opiniões contundentes, sempre foi exemplo de honestidade e justiça. Gremista assumido e ferrenho adora cantar e encantar... Na manga, sempre tem uma boa tirada, repleta de humor ácido, daqueles de aplaudir de pé...

Bom, preciso confessar que sempre o admirei como jornalista brilhante, inteligente, genial que é. Como homem, tinha ressalvas, pois ouvia coisas sobre ele que não admirava, ao contrário... essas informações me deixavam longe do ser humano Paulo, mesmo que indiscutivelmente esse esteja atrelado ao profissional cujas crônicas sempre acompanhei, ainda que, ás vezes, à sorrelfa...

Acontece que há alguns , um corajoso Sant’Ana assumiu, publicamente, um câncer, surpreendendo a todos. (Mesma doença injusta que levou de nós, recentemente, meu tio mais querido). Passei a admirá-lo por completo, uma vez que se expôs por inteiro em narrativas pessoais sobre seu drama. Todas suas agruras me fizeram imaginar como meu tio se sentiu em seu penoso e rápido calvário.

Bom, acontece que ontem, durante um aprazível passeio na Padre Chagas, literalmente, topei com um Sant’Ana sentado à mesa de um café. Minha primeira reação foi de euforia misturada com surpresa. Quis abraçá-lo e confortá-lo, mas com qual intimidade faria isso? Resignei-me em outra mesa, pensando nele o tempo todo. Eis que, de repente, sua figura entrou e pediu ao garçom a conta. Foi nesse momento que pedi uma foto.

Debilitado, amparado por sua nova e imprescindível companheira: uma bengala, não ouviu meu pedido na primeira tentativa. Repeti e assentiu. O encontro já havia me tocado sobremaneira e, hoje, ao ouvir sua participação no Sala de Redação, na Rádio Gaúcha, me fez chorar. Isso porque ele também chorou, no ar, ao relatar que não conseguiu sorver dois goles de sopa. Triste. Fiquei sem ar lembrando o que meu tio sentiu, mas nunca nos falou.

Me senti culpada por ter julgado Paulo em algum momento. Que direito tenho de fazê-lo com ele ou com qualquer outro? Todos têm sua própria dor por arcar com as escolhas que fez na vida. Por isso, peço perdão, mesmo que ele não saiba.

Isso me faz ver que nosso tempo por aqui é curto. É preciso plantar mais rosas que espinhos...

Um forte e carinhoso abraço, Sant’Ana.

domingo, 6 de novembro de 2011

Maus profissionais

Como Jornalista e integrante de uma redação comprometida com a notícia como a da Revista Evidência, não poderia deixar de comentar e repudiar a tentativa de aparecer – a qualquer preço – de pessoas que se julgam profissionais de programas ditos humorísticos que empurraram, nessa data (31/10), a colega repórter Monalisa Perrone, da Rede Globo, durante uma entrada ao vivo, no Jornal Hoje.

Pela breve e superficial pesquisa que fiz para apurar quem são os arruaceiros sem noção alguma de respeito ao trabalho alheio, pois não sabem o que isso realmente significa, percebi a preferência em atacar a Globo. Fazem mau uso do humor para disfarçar o mau gosto e a falta de conteúdo, achando que utilizar o tema como blindagem lhes dá álibi para agir dessa forma.

Não importa o motivo nem com qual emissora acontece e, sim, o tamanho do desrespeito, da invasão, do desaforo totalmente desnecessário, da violação de direitos, da desconsideração, do desplante descabido e do nível de atrevimento inútil, que não serve para nada.

A equipe de ignorantes da chamada Merd TV que opta por essas artimanhas não está atacando a emissora em questão – ou qualquer outra que também tenha sido alvo desse grupo que merece punição – e, sim, o direito de escolha do cidadão à informação. Impor, goela abaixo dos telespectadores de emissora A, B ou C, ideias insípidas sobre o que quer que seja, invalida qualquer intenção, qualquer objetivo.

Isso não é democracia. Exercer a democracia seria, caso usassem o seu próprio canal para disseminar suas ideias, justas ou não. Mas oferecendo ao cidadão, a opção de direcionar sua atenção para seus brados.

Ação infantil, inconseqüente, irresponsável, irracional, desoladora e lamentável.

As entidades de classe devem tomar providências imediatas, pois, do contrário, estaremos vivendo em um sistema vulnerável em que ninguém mais respeitará leis, regras de convívio social e todos entenderão que podem fazer o que bem entendem, custe o que custar, em qualquer hora e lugar, atingindo não importa a quem.

A evolução de um ato desses pode ter tragédias como consequências, uma vez que abre precedentes para qualquer tipo de loucura e agressão.

Confiram no link abaixo um texto com maiores explicações e com o vídeo do ocorrido durante e depois da ação irresponsável:

http://f5.folha.uol.com.br/televisao/999433-grupo-se-exibe-atrapalhando-links-ao-vivo-da-globo.shtml

domingo, 14 de agosto de 2011

Tão bom...Mãe

Hoje é Dia dos Pais... Não tenho mais o meu aqui do meu ladinho pra dar aquele abraço e aquele beijo que nem sempre ele gostava, pois não era muito afeito a carinhos... mas ele sabe, de onde está, que pensei nele o dia inteiro... o amor não acaba, fica no peito pro resto da vida...

Como ele não está aqui para ouvir, transferi o Dia dele todinho pra ela, que, na verdade, é minha "Pãe", pois herdou o posto do pai e, por isso, aqui vai um texto que fiz pra ela em uma ocasião que voltava do hospital...

"Sentir novamente a respiração, a pele, o calor de minha mãe...é dela minha vida...sem ela morro.
Tão bom vê-la de novo no mesmo sofá, dobrando os joelhos sobre as pernas como sempre fez...
Perceber que aquele olhar que lança para a TV é o mesmo de sempre...observa-la afagar o cachorro com o mesmo carinho, pedir guaraná no mesmo tom de voz, ralhar comigo por não sair do computador... tão bom tê-la de volta ao lar... porque sei o que é perder alguém... sei o que é sentir o cheiro que ficou nas roupas e saber que nunca mais o verá...sei o que é ver os chinelos no mesmo canto que ele deixou, intactos, à espera dos dedos longos...
Meu peito irradia felicidade em perceber que isso não se repetiu e ela está aqui, sã e salva, me amando..ouvindo bem ainda todos os “te amos” que eu tenho a oferecer..sentindo todos os meus toques em suas mãos quentes...eu a sinto..!!!!! Ela está aqui, convivendo com os mesmos erros e defeitos que cometo e possuo...Mas ela vive e essa linha é tão tênue, frágil, que temos que nos dar conta de que o segundo seguinte pode já ser tarde para dizer, para amar, para olhar e sorrir com o outro...
TE AMO, mãe!"











sexta-feira, 8 de julho de 2011

Adotando um bichinho

Faça sol ou faça chuva, não importa. Leia Machado e seus fiéis escudeiros da Associação de Proteção aos Animais Paz e Amor Bichos estão todos os sábados em frente à Prefeitura de Gravataí. É nesse ponto que organizam, das 9h às 17h, a Feira de Adoção de animais. Bichinhos de todos os tamanhos, idades e raças ficam, semanalmente ali, à espera de alguém que os levará para um lar novinho, no qual pretendem espalhar carinho e amor.

Em um desses sábados eu mesma, Renata Breier Porto - que sou repórter da Revista Evidência e tantas matérias já fiz sobre o tema - precisei dos serviços da feira, pois a convivência entre uma cadelinha filhote que eu tinha e minha mãe, que é idosa, não estava mais dando certo. Teca, o nome da serelepe linguiça, é muito agitada e de tanto querer brincar, se enroscava nas pernas de minha mãe, representando um risco, pois podia derrubá-la, uma vez que a senhora não tem mais agilidade nem reflexos apurados. Bem, pensava que Teca tinha que ir para um lar com crianças e, ao ligar para Leia para me informar sobre como proceder, soube que tinha que levar minha estimada cadelinha até a feira e lá aguardar com ela até que fosse adotada. Caso não fosse, levava de volta para casa e tentaria na semana seguinte.

Foi o que fiz e, ao passar o dia lá, mesmo abaixo de chuva, pude perceber o trabalho sério e importante que essa entidade faz. Quem adota gratuitamente, (é importante dizer isso), preenche uma ficha onde constam perguntas relevantes como onde o animal em questão vai ficar abrigado na casa ou apartamento, se todos da família estão de acordo com a adoção, endereço, telefones, entre outros dados. Isso é para ter-se certeza de que quem vai adotar deseja mesmo um bicho e que vai tratá-lo muito bem. A feira tem sido um sucesso de público e a média de adoção é de 20 animais por sábado.

Por isso, reforço aqui que quem não quer mais um cão ou um gato, pode doar, ao invés de largar na rua ou em quintais alheios. Tem muitas pessoas que desejam um bichinho para dar amor e cuidados. Faça da forma certa. E aqueles que gostam de animais também podem procurar a feira para adquirir o seu.

Leia mantém um perfil atualizado no Facebook com fotos dos bichos ao lado de seus novos donos e com fotos dos que ainda não foram escolhidos através da feira. Adicione-a aos seus amigos e contribua com essa bonita causa o perfil está em nome de: Leia Machado. A entidade está sempre precisando de ajuda voluntária. Qualquer dúvida, mande e-mail para: pazeamorbichos@hotmail.com

Sobre minha cadelinha, a Teca? Encontrou um novo lar, na casa da Tânia e de seu filho Rodolfo, que tenho certeza, vai brincar com ela como merece e dar-lhe muito amor. Ainda posso visitá-la quando quiser, pois quem doa pode manter o vínculo, já que o amor pelo bicho, esse nunca acaba.

- Esse texto está, também, no Blog da Revista Evidência, no www.revistaevidencia.com.br



Tânia e Rodolfo escolheram a Teca e saíram com ela nos braços, felizes.