terça-feira, 30 de março de 2010

Não caibo nos 38

Minhas roupas, até três meses atrás eram do tamanho P, PP ou 34, no caso das calças. De repente, depois de ter o mesmo manequim e peso por mais de 20 anos, vi, estarrecida, algumas peças teimarem em não mais me vestirem. Veio então o problema: não caibo mais nos 34 e os 36 ficam folgados.

Em um primeiro momento, nada entendi, uma vez que nem mesmo havia passado a encher mais o prato. Ao final do primeiro mês, notei que não foram apenas minhas medidas que ganharam quase quatro escandalosos quilos. Outras coisinhas mudaram como algumas ruguinhas a mais em novos cantos do rosto, mais cansaço para o dia-a-dia, um certo ranzizar que faz vaivém no meu humor e que antes faltava a todas essas aulas.

Quando fiz 29 anos, me lembro bem de todas as sensações e dúvidas que incorreram entre meus neurônios. A aproximação contundente dos 30, me dava a certeza de que a fase menina, definitivamente, acabara. Foi a primeira vez em que notei nada poder fazer contra o tempo, que urge, à revelia de todos. Perguntava-me, naquela ocasião, quais seriam meus rumos pessoais e profissionais, o que conseguiria plantar, então, para colher mais tarde? Hoje sei quais foram e que me enganara, pois a menina resistira, bravamente.

Enfim, os arredondados 30 chegaram mais leves do que eu jamais sonhara, sem alarde, sem complicações. Ao contrário, vieram cheios de vida, de novas expectativas e de preciosas mudanças positivas.

Bom, acontece, que nesse março ora chuvoso, ora caudaloso, completei meus nada fofos nem mesmo redondos 38. Nada de mais, uma vez que foram bem-vividos, e super aproveitados em todos os sentidos. Fiz amigos sinceros e alcancei o amor verdadeiro nessa jornada. E esse é só o começo.
Cheguei ao alto dessa idade (só assim fico alta) percebendo que adquiri maturidade para muitas coisas, sem deixar me endurecer por ela, mantendo minhas características infanto-juvenis, o que eu tanto prezo, mesmo que muitos não concordem. Mas, ao contrário dos 30, os 40 que acenam logo ali, na esquina do tempo, parecem um tanto quadrados e difíceis de aceitar, em um primeiro momento. Não sei exatamente o que eles trazem e quais suas funções na minha alma. Daqui para frente, o que vai significar tê-los? Será que serei obrigada a assumir uma postura que não é minha e que não me cabe? O medo é justamente ter que deixar de ser alegre, juvenil ou permanecer assim, e carregar culpa por não “ter mais idade para isso ou aquilo”.

Acabo de descobrir o motivo desse medo: meu layout não combina com a idade cronológica que minha carteira de identidade me revela. Não pareço nem penso como alguém que fará 40 em breve. E não que isso seja pejorativo ou signifique envelhecer além da conta. Não. Apenas sou informal demais, risonha e feliz demais para sentir a idade consumindo as beiradas do meu físico que, inevitavelmente, esmorece. Deve ser por isso, que as mulheres piram com o passar do tempo. Como ter 40, 50, 60, se muitas de nós somos por dentro, as mesmas meninas e adolescentes que gostam de tomar banho de chuva, de falar palavrão, de dançar, de comer sorvete se lambuzando, rir de besteira, de ir a shows de rock, curtir um lindo entardecer e ter hora e outra, atitudes pra lá de infantis? Realmente, não caibo nos meus 38. Quem cabe?

3 comentários:

  1. Amiga que texto fabuloso...
    meu Deus acho que me vi, que me entendi na verdade... pq tb nao me vejo com 30... ai meu Deus, que venha os 40 então kkkkkk xeru parabéns.Adorei!!!

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  2. Tinhaaaa já te falei pessoalmente mas isso aconteceu comigo do dia para noite... não parece justo a gente mudar sem aviso né????

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